INTERPOSIÇÃO LABIAL
A interposição labial é quando o lábio inferior repousa sob os dentes superiores da frente. Ou seja, quando o lábio inferior se interpõe na frente dos incisivos inferiores e por trás dos incisivos superiores.
Essa posição do lábio é muito danosa para o paciente. Isso porque o lábio acaba fazendo uma espécie de força de alavanca na região. Por isso pode trazer consequências extremamente desagradáveis e necessitar de um tempo muito maior de aparelho ortodôntico no futuro.
QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DA INTERPOSIÇÃO LABIAL?
O lábio inferior possui muita força. Muito mais do que o lábio superior. Quando ele repousa de maneira errada, essa força gera vetores com orientações opostas nos dentes inferiores e superiores.
As consequências disso são:
– INCLINAÇÃO PARA FRENTE DOS DENTES ANTERIORES SUPERIORES: A força do lábio aplicada por trás dos dentes superiores, acaba empurrando esses mais para frente ainda. Isso gera uma inclinação exagerada, muitas vezes gerando espaços entre eles.
– INCLINAÇÃO PARA TRÁS DOS DENTES ANTERIORES INFERIORES: Essa interposição labial faz com que o lábio inferior se “debruce” sobre os dentes inferiores. Isso gera uma força de inclinação e esses dentes ficam voltados em direção à língua.
– MÁ POSIÇÃO DENTÁRIA: Quando mais intenso e frequente for a interposição do lábio, mais os dentes vão entortar. Podendo causar mordidas abertas e outros problemas associados.
– ESTREITAMENTO DA ARCADA SUPERIOR: Pela projeção dos dentes da frente, a arcada acaba se comprimindo, ficando com aspecto de “V”. Ou seja, o paciente fica “bicudo”.
– ABAULAMENTO DA ARADA INFERIOR: Através da retroinclinação dos dentes inferiores anteriores, a arcada inferior acaba se abaulando e colapsando. Isso gera apinhamentos e problemas de oclusão.
– PROBLEMAS DE FALA E DEGLUTIÇÃO: O mal posicionamento dos dentes gerado pela interposição do lábio vai gerar mal posicionamento de língua, consequentemente problemas para pronúncia e deglutição corretos.
– FRATURA DENTAL: O lábio superior acaba por ser um protetor, amortecedor para os dentes. Quando mantemos os dentes da frente para fora do lábio, esses correm grandes riscos à fratura.
COMO SE DIAGNOSTICA ISSO?
Normalmente com um exame clínico simples a interposição labial pode ser diagnosticada. O paciente com interposição fica com os dentes superiores para fora da boca, mesmo com ela fechada. O famoso “coelhinho”.
Na maioria das vezes diagnosticamos na fase de intertransição dentária. Ou seja, dos por volta dos 7 aos 9 anos é quando na grande maioria das vezes conseguimos diagnosticar com mais precisão. Porém pode ter casos mais cedo ou mais tarde.
Normalmente pacientes com deficiência no crescimento da mandíbula são os mais acometidos. Ou seja, pacientes com “queixo pequeno”, conhecidos como Classe II possuem esse retrognatismo mandibular, e, portanto, mais propensos à interposição labial.
Esse retrognatismo acaba deixando espaço entre os dentes de cima e de baixo, o que “estimula” o lábio a ocupar esse espaço. Quanto maior for essa discrepância óssea, maior será o espaço. Portanto, maior a chance do lábio querer ocupar aquele espaço.
EXISTE TRATAMENTO PARA A INTERPOSIÇÃO LABIAL? QUANDO TRATAR?
Sim, existe tratamento. O ideal é tratar assim que diagnosticada. Isso para diminuirmos os efeitos colaterais.
Na verdade o tratamento é removendo o agente causador do problema. Ou seja, removendo o lábio dessa posição errônea.
Para isso pode-se usar um aparelho na arcada inferior chamado de Lip Bumper, Escudo Labial ou Placa Lábio Ativa. Esse aparelho, que pode ser móvel um fixo, se prende nos molares e se projeta para frente. Ele possui um anteparo anterior de plástico (escudo) que expulsa o lábio do espaço entre os dentes.

Aparelho para correção de interposição labial
Só com fato de impedir a interposição labial, os dentes vão se ajeitando. Ou seja, ele é um aparelho passivo. Ele não faz uma força diretamente sobre os dentes. Apenas removendo a força do lábio ele deixa os outros músculos trabalharem para fazer naturalmente a volta dos dentes para a posição correta.
Em casos onde os dentes superiores estão muito para frente, pode-se aliar um aparelho superior para acelerar a sua correção.
Obviamente a condição óssea do paciente vai demandar outros tratamentos ortodônticos da criança no futuro. Uma avaliação criteriosa e um planejamento adequado devem ser feitos para cada caso.